Quintas com Jazz até as 00h00.
Com participações de:
Manuel Mota, Leandro Touchê e La Farse Manouche.
Da nossa ainda curta existência, destaca-se já a tradição das nossas noites de Jazz, essencialmente durante o Verão. Sempre com programas seleccionados e músicos diferentes, que proporcionam em noites também elas diferentes: verdadeiros momentos de magia…
Mesmo nalgumas noites de Outono/Inverno, aquecemos a alma em noites frias, com ritmos e notas quentes. Não é raro ver por cá passar nomes consagrados do mundo artístico que entre jovens talentos se misturam e dão cor ao Palácio do Egipto.
É cada vez mais difícil identificarmo-nos com um mundo onde a realidade exterior é cada vez mais definida pelo domínio de imagens e conceitos frios e comerciais.
Tudo tende a ser produzido em série, sendo que todavia nada atinge a profundidade de expressão interior que almejamos.
A arte surge como uma tentativa necessária de expressar a realidade de uma forma única e verdadeiramente humana.
A música não pode deixar de ser um dos veículos mais importantes e completos nessa conquista porque nos toca pela palavra, pelo som, pelo ritmo, pelo ambiente, que faz ressoar em nós sensações, sentimentos … alguns que até nós próprios desconhecíamos.
“Pode considerar-se o Jazz uma música que, pela fusão cultural intensiva proporcionada pela grande metrópole, adquiriu a dimensão que hoje lhe é reconhecida enquanto rede criativa aberta e expansível e enquanto forma de arte baseada num pressuposto de multiplicidade, capaz de manter intactas as diferenças e todas as singularidades.
A apreensão musical é sempre um acto subjectivo. A subjectividade projecta-se através de um processo de cooperação e de comunicação entre grupos de indivíduos que vão, por seu turno, produzindo réplicas de si próprios, a partir de novas formas de cooperação e de comunicação que reproduzem mais subjectividade e assim por diante.
Nesta espécie de espiral de conexões, cada momento em cadeia parte da produção de mais subjectividade, acumulando-se num fundo comum definido como inovação, cujo resultado é a criação de uma realidade ainda mais rica.
Hoje o fenómeno do Jazz só consegue fluir quando inserido num processo mais geral de metamorfose e de constituição, fazendo parte do corpo composto de diferenças inumeráveis sem oposição entre si, que avançam em paralelo e se encontram impossibilitadas de serem reduzidas a uma identidade ou unidade única.
Designa-se por multidão o conjunto assim constituído, uma forma democrática do viver em comum. Neste sentido, este corpo tem de ter necessariamente uma composição aberta e plural, nunca se tornando um todo dividido em estruturas hierárquicas, nem funcionais”. (por IVO MARTINS)
O Jazz, escapando a regras e a condicionantes comuns mas obedecendo é claro, a outras mais complexas, pode tocar-nos ainda mais profundamente num despertar de tensões e ambiguidades… numa alquimia de emoções pessoais.
Assim, a arte Jazz é como um derradeiro grito de liberdade. Celebremos essa liberdade nas nossas 5ªs com Jazz e com a sua chegada a Oeiras.
A “blue note” vence e convence quem nos visita.
Texto escrito a quatro mãos como várias peças de piano. Duas delas e as bem mais esforçadas – do Professor Pedro de Faro, Director da Academia da Guitarra